História

O distrito de São Pedro do Itabapoana foi o segundo município mais populoso do estado até o final da década de 20, perdendo apenas para Alegre. Foi um dos municípios mais importantes do Espírito Santo até Revolução Varguista de 1930 quando, segundo contam moradores locais, teve sua sede e comarca “roubadas” por uma caravana getulista apoiada por políticos do então distrito de Mimoso. Daí em diante Mimoso do Sul passou a ser a sede do município e São Pedro do Itabapoana passou a ser seu distrito. Encontra-se aproximadamente a 460 metros de altitude e tem uma população urbana estimada em mil habitantes, ocupando uma área de 7.928 ha, o acesso é feito por rodovia pavimentada e tem como principais atrativos o clima de montanha, a natureza exuberante, um grande conjunto de fazendas que datam do século XIX (auge do Ciclo do Café do Espírito Santo), o prédio Câmara e Cadeia, e o museu de São Pedro de Alcântara.

São Pedro do Itabapoana tem sua história marcada por intensa vida cultural e política, destacando-se o gosto pela música, pela leitura, pelas reuniões de caráter religioso ou cívico, eventos que reuniam sempre um número expressivo de pessoas. Além da igreja, o coreto localizado na praça proporcionava momentos de lazer e confraternização, com a apresentação de bandas musicais em várias das festividades locais.(Catálogo “Patrimônio Cultural do Espírito Santo – Arquitetura”).

Tornou-se Sítio Histórico em 1986 quando o Conselho Estadual de Cultura realizou o tombamento de 41 imóveis residenciais, além do prédio Câmara e Cadeia, da igreja e o calçamento central em pedras pé-de-moleque, a maioria deles datados do século XIX, como Patrimônio Histórico e Artístico Estadual.

O processo se iniciou por iniciativa do psiquiatra Pedro Antônio de Souza, com o seu retorno a Mimoso do Sul ao encerrar sua faculdade de medicina, em 1978. Pedro Antônio trabalhava a prevenção de doenças psíquicas através da “promoção cultural”, e por isso despertou o interesse em São Pedro do Itabapoana.

Neste processo ele percebeu o quanto os habitantes de São Pedro estavam presos ao passado, e com isso se interessou ainda mais em buscar o tombamento do distrito. O que lhe chamou a atenção para a necessidade de preservação do distrito foram a presença dos casarios, a arquitetura, o lugar e seu ar bucólico de uma cidade do interior “parada no tempo”.

A partir de 1998 mudanças importantes alavancaram uma transformação do Sítio Histórico. A secretária de cultura de Mimoso do Sul, Rosângela Guarçoni e o prefeito Ronan Rangel, iniciaram um processo de restauração e revitalização das casas e imóveis do Sítio, juntamente com a comunidade e com a ajuda de restauradores vindos de Ouro Preto, Minas Gerais, entre eles, a implantação do Antiquário São Miguel e do Museu São Pedro de Alcântara do Itabapoana, administrado por Balbino Miguel Nunes. O antiquário comercializa peças importantes da memória da região e o museu possui um grande acervo de bens móveis e documentos relacionados ao Sítio e ao período cafeeiro.

Ainda nesse período o Sítio Histórico passou a realizar um dos eventos mais representativos da cultura capixaba: o Festival de Inverno de Sanfona e Viola. A partir de uma tradição antiga da região de se tocar sanfona e viola, o festival foi criado como uma forma de chamar a atenção de turistas e, principalmente do capixaba, para conhecer melhor e desfrutar um pouco desta região repleta de história, cultura, tradição e arte.

Outros projetos vêm sendo desenvolvidos na comunidade, o “Vem Viver o Patrimônio”, cujo objetivo principal é proporcionar sustentabilidade econômica ao Sítio Histórico, criando novas possibilidades de geração de renda local. E o projeto “Casa Aberta”, um cenário com exposição ao vivo de obras de artes, artesanato, antiguidades, comidas e bebidas que revelam a identidade de um povo ligado as suas raízes.

No ano de 2015, São Pedro do Itabapoana recebeu da Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo, de autoria da deputada Luzia Toledo, o título “Capital Estadual da Sanfona e da Viola”.

No Sítio Histórico de São Pedro, a arquitetura, o hábito de se tocar sanfona e viola, suas comidas típicas, seus modos de vida, de falar e de sentir, fazem parte de sua identidade cultural.

 

Fonte de pesquisa:

*  Site da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo.

* “São Pedro do Itabapoana: Patrimônio, Memória e Identidade Sul Capixaba”.

Pereira, Marcelo Pedrosa.